Introdução:
Talvez uns
dos temas que gera mais confusão em relação a fé e a forma de expressa-la se
refere ao tema jejum, pois muitos por não compreender de maneira clara e
bíblica este tema acabam muitas vezes usando deste princípio de maneira errada
e em vez de se torna uma benção acaba sendo um sacrifício vazio, alguns pensam
que devem jejuar só na “semana santa” outros abstém-se da carne bovina e come a
penas peixe e outros erros mais que no decorrer desta palavra do verificaremos
afim de corrigi-los para melhor uso deste princípio para nossa fé.
Mas
inicialmente veremos alguns aspectos sobre o jejum.
Jejum é a abstinência total ou
parcial de alimentos por um período definido e propósito específico. Tem sido
praticado pela humanidade em praticamente todas as épocas, nações, culturas e
religiões. Pode ser com finalidade espiritual ou até mesmo medicinal, visto que
o jejum traz tremendos benefícios físicos com a desintoxicação que produz no
corpo. Mas nosso enfoque é o jejum bíblico. Muitos cristãos hoje desconhecem o
que a Bíblia diz acerca do jejum. Ou receberam um ensino distorcido ou não
receberam ensinamento algum sobre este assunto.
Não há regras fixas na Bíblia sobre
quando jejuar ou qual tipo de jejum praticar, isto é algo pessoal. Mas a
prática do jejum, além de ser recomendação bíblica, traz consigo alguns
princípios que devem ser entendidos e seguidos.
A Bíblia não determina regras deste
gênero, portanto cada um é livre para escolher quando, como e quanto jejua.
Vemos vários exemplos de jejuns de duração diferente nas Escrituras:
1 dia – O jejum do Dia da Expiação
3 dias – O jejum de Ester (Et 4.16) e
o de Paulo (At 9.9);
7 dias – Jejum por luto pela morte de
Saul (I Sm.31.13);
14 dias – Jejum involuntário de Paulo
e os que com ele estavam no navio (At 27.33);
21 dias – O jejum de Daniel em favor
de Jerusalém (Dn 10.3);
40 dias – O jejum do Senhor Jesus no
deserto (Lc 4.1,2);
OBS:
A Bíblia fala de Moisés (Ex 34.28) e Elias (1 Re 19.8) jejuando períodos de
quarenta dias. Porém vale ressaltar que estavam em condições especiais, sob o
sobrenatural de Deus. Moisés nem sequer bebeu água nestes 40 dias, o que
humanamente é impossível. Mas ele foi envolvido pela glória divina. O mesmo se
deu com Elias, que caminhou 40 dias na força do alimento que o anjo lhe trouxe.
Isto é um jejum diferente que começou com um belo “depósito”, uma comida
celestial. Jesus, porém, fez um jejum normal com esta duração.
Muitas
pessoas erram ao fazer votos ligados à duração do jejum… Não aconselho ninguém
fazer um voto de quanto tempo vai jejuar, pois isso te deixará “preso” no caso
de algo fugir ao seu controle. Siga o conselho bíblico:
“Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em
cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que
não votes do que votes e não cumpras”. (Ec 5.4,5).
É
importante que haja uma intenção e um alvo quanto à duração do jejum no
coração, mas não transforme isto em voto.
Há
diferentes formas de jejuar. As que encontramos na Bíblia são:
a) Jejum
PARCIAL. Normalmente o jejum parcial é praticado em períodos
maiores ou quando a pessoa não tem condições de se abster totalmente do
alimento (por causa do trabalho, por exemplo). Lemos sobre esta forma de jejum
no livro de Daniel:
“Naqueles dias, eu,
Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne,
nem vinho entraram em minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que se
passaram as três semanas.” (Dn 10.2,3).
O profeta Daniel diz exatamente o quê
ficou sem ingerir: carne, vinho e manjar desejável. Provavelmente se restringiu
à uma dieta de frutas e legumes, não sabemos ao certo. O fato é que se absteve
de alimentos, porém não totalmente. E embora tenha escolhido o que
aparentemente seja a forma menos rigorosa de jejuar, dedicou-se à ela por três
semanas.
Em outras situações Daniel parece ter
feito um jejum normal (Dn 9.3), o que mostra que praticava mais de uma forma de
jejum. Ao fim deste período, um anjo do Senhor veio a ele e lhe trouxe uma
revelação tremenda. Declarou-lhe que desde o primeiro dia de oração o profeta
já fora ouvido (v.12), mas que uma batalha estava sendo travada no reino
espiritual (v.13) o que ocorreria ainda no regresso daquele anjo (v.20). Aqui
aprendemos também sobre o poder que o jejum tem nos momentos de guerra
espiritual.
b) Jejum NORMAL. É a abstinência de alimentos mas com ingestão de água. Foi a forma que
nosso Senhor adotou ao jejuar no deserto. Cresci ouvindo sobre a necessidade de
se jejuar bebendo água; meu pai dizia que no relato do evangelho não há menção
de Cristo ter ficado sem beber ou ter tido sede (e ele estava num deserto!):
“Jesus, cheio do Espírito
Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante
quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos
quais teve fome.” (Mt 4.2).
Denominamos esta forma de jejum como
normal, pois entendemos ser esta a prática mais propícia nos jejuns regulares
(como o de um dia).
c) Jejum TOTAL. É abstinência de tudo, inclusive de água. Na Bíblia encontramos poucas
menções de ter alguém jejuado sem água, e isto dentro de um limite: no máximo
três dias.
A água não é alimento, e nosso corpo
depende dela a fim de que os rins funcionem normalmente e que as toxinas não se
acumulem no organismo. Há dois exemplos bíblicos deste tipo de jejum, um no
Velho outro no Novo Testamento:
1) Ester,
num momento de crise em que os judeus (como povo) estavam condenados à morte
por um decreto do rei, pede a seu tio Mardoqueu que jejuem por ela: “Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em
Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite
nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o
rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci.” (Et 4.16).
2) Paulo,
na sua conversão também usou esta forma de jejum, devido ao impacto da
revelação que recebera: “Esteve
três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu.” (At 9.9).
Não há qualquer outra menção de um
jejum total maior do que estes (a não ser o de Moisés e Elias numa condição especial
como explicado anteriormente). A medicina adverte contra um período de mais de
três dias sem água, como sendo nocivo. Devemos cuidar do corpo ao jejuar e não
agredi-lo; lembre-se de que estará lutando contra sua carne (natureza e
impulsos) e não contra o seu corpo.
Motivos porque devo jejuar
1. Porque Cristo esperava que fizéssemos isso e de maneira correta.
a)
Em todo o Velho e Novo
Testamento não há uma única ordem acerca de jejuarmos. Contudo, apesar de não
haver um imperativo acerca desta prática, a Bíblia esta cheia de menções ao
jejum.
b)
Muitos ensinadores falharam de
maneira grave ao dizer que, por não haver nenhuma ordem específica para o
jejum, então não devemos jejuar. Mas quando consideramos o ensino de Jesus
sobre o jejum, não há como negar que o Mestre esperava que jejuássemos:
“Quando jejuardes, não vos mostreis contristados
como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens
que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Tu,
porém, quando jejuardes, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer
aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará.” (Mt 6.16-18).
c) Embora
Jesus não esteja mandando jejuar, suas palavras revelam que ele esperava de nós
esta prática. Ele nos instruiu até na motivação correta que se deve ter ao
jejuar. E quando disse que o Pai recompensaria a atitude correta do jejum, nos
mostrou que tal prática produz resultados!
d)
Embora o próprio Senhor Jesus
tenha jejuado por quarenta dias e quarenta noites no deserto, e muitas vezes
ficava sem comer (quer por falta de tempo ministrando ao povo – Mc 6.31, quer
por passar as noites só orando sem comer – Mc 6.46), devemos reconhecer que Ele
e seus discípulos não observavam o jejum dos judeus de seus dias (exceto o do
dia da Expiação). Era costume dos fariseus jejuar dois dias por semana (Lc
18.12), mas Jesus e seus discípulos não o faziam. Aliás chegaram a questionar
Jesus acerca disto:
18 Ora, os discípulos de João e os fariseus jejuavam; e foram e
disseram-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, e não
jejuam os teus discípulos? 19 E Jesus disse-lhes: Podem porventura os
filhos das bodas jejuar enquanto está com eles o esposo? Enquanto têm consigo o
esposo, não podem jejuar; 20 Mas dias virão em que lhes será tirado o
esposo, e então jejuarão naqueles dias. (Mc 2.18-20)
e) A
motivação estava errada, as pessoas jejuavam para provar sua religiosidade e
espiritualidade, e Jesus ensinou a fazê-lo em secreto, sem alarde.
f) O jejum
pode ser uma prática vazia se não for feito de maneira correta. Isto aconteceu
nos dias do Velho Testamento, quando o povo começou a indagar: “Por que
jejuamos nós, e não atentas para isto? Por que afligimos a nossa alma, e tu não
o levas em conta?” (Is 58.3a).
E a resposta de Deus foi exatamente a de que estavam jejuando de maneira
errada: “Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e
exigis que se faça todo o vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e para
rixas e para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará
ouvir a vossa voz no alto.” (Is 58.3b,4).
Por outro lado, o versículo está inferindo que se observado de forma
correta, Deus atentaria para isto e a voz deles seria ouvida.
· Sensibilidade Espiritual
Ele nos ajuda romper com as barreiras e
limitações da carne. Seu principal propósito é moldar-nos
para receber aquilo que Deus tem para nossas vidas.
O jejum deixará nosso espírito atento pois mortifica a carne e aflige
nossa alma. Jesus deixou-nos um ensino precioso acerca disto quando falava
sobre o jejum:
“Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do
contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres.
Mas põe-se vinho novo em odres novos.” (Mc 2.22).
O
odre era um recipiente feito com pele de animais, que era devidamente preparada
mas, com o passar do tempo envelhecia e ressecava. O vinho, era o suco extraído
da uva que fermentava naturalmente dentro do odre. Portanto, quando se fazia o
vinho novo, era sábio colocá-lo num recipiente de pele (o odre) que não
arrebentasse na hora em que o vinho começasse a fermentar, e o melhor
recipiente era o odre novo. Com essa ilustração Jesus estava ensinado-nos que o
vinho novo que Ele traria (o Espírito Santo) deveria ser colocado em odres
novos, e o odre (ou recipiente do vinho) é nosso corpo.
Alguns acham que o jejum é uma
“varinha de condão” que resolve as coisas por si mesmo, mas não podemos ter o
enfoque errado. Quando jejuamos, não devemos crer NO JEJUM, e sim em Deus. A
resposta às orações flui melhor quando jejuamos porque através desta prática
estamos liberando nosso espírito na disputada batalha contra a carne, e por
isso algumas coisas acontecem.
Por exemplo, a fé é do espírito e não
da carne; portanto, ao jejuar estamos removendo o entulho da carne e liberando
nossa fé para se expressar. Quando Jesus disse aos discípulos que não puderam
expulsar um demônio por falta de jejum (Mt 17.21), ele não limitou o problema
somente a isto mas falou sobre a falta de fé (Mt 17.19,20) como um fator
decisivo no fracasso daquela tentativa de libertação. O jejum ajuda a liberar a
fé! E é através dela que temos as orações respondidas.
O jejum em si não me faz
vencer, mas libera a fé para o combate e nos fortalece, fazendo-nos mais
conscientes da autoridade que nos foi delegada através da cruz.
Então os
discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, disseram: Por que não
pudemos nós expulsá-lo? 20 E Jesus lhes disse: Por causa de vossa pouca
fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda,
direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será
impossível. 21 Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela
oração e pelo jejum. (Mt 17.19-21)
Conclusão:
Haverá
períodos em que o Espírito Santo vai nos atrair mais para o jejum, e épocas em
que quase não sentiremos a necessidade de faze-lo.
Encerro
desafiando-o a praticar mais o jejum, e certamente você descobrirá que o poder
desta arma que o Senhor nos deu é difícil de se medir com palavras. A
experiência fortalecerá aquilo que temos dito. Que o Senhor seja contigo e te
guie nesta prática!
O conteúdo deste sermão é uma reutilização do texto Compreendendo o Jejum do pastor
Luciano Subirá que pode ser encontrado na íntegra no site Orvalho.com através
do endereço http://www.orvalho.com/compreendendo-o-jejum